sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

38. Donnie Darko e Frank (o coelho demoníaco) a visionarem Evil Dead


Donnie Darko (2001) é um filme difícil de definir mas, após apenas cinco minutos de visionamento, fica claro que não estamos perante um daqueles típicos filme de terror com e para adolescentes que podemos assistir mesmo durante períodos de inactividade cerebral e, ainda assim, adivinhar, desde o início, todos os desenvolvimentos do enredo. Este filme de Richard Kelly é original e tem um toque negro e retorcido que o torna, na minha opinião, num filme a ter em conta. Basta referir que o enredo gira à volta de viagens no tempo e universos paralelos para perceber que há um elemento surreal na história mas o argumentista/ realizador não deixa que as personagens sejam meras caricaturas inseridas neste contexto e procura dar-lhes uma abordagem realista (o realismo é aqui um conjunto de disfunções pessoais e inadaptações sociais). Donnie Darko (Jake Gyllenhaal) é o mais improvável dos heróis acompanhado por um conjunto de personagens equilibrado.

As cenas mais óbvias para classificar como memoráveis seriam, sem dúvida, as contidas nos minutos finais do filme. Pessoalmente também gosto particularmente das cenas que envolvem o moralista Jim Cunningham (Patrick Swayze). Mas resolvi escolher a cena em que Donnie Darko e Frank (o coelho demoníaco que não é bem o que parece à primeira vista) conversam durante o visionamente do mítico filme Evil Dead, de Sam Raimi. É uma cena em que ambos conversam de forma descontraída e que marca o início do fim. Ficamos com a sensação que é esta conversa, que são as revelações que dela surgem, que marcam o ultrapassar da fronteira. Enquanto Evil Dead é projectado, distorcido pelo aparecimento dum túnel temporal, Donnie e Frank conversam com a plena noção que o destino está marcado. Este momento ganha ainda mais peso após sabermos o conjunto de acontecimentos que resulta na presença de Frank na vida de Donnie Darko.

P.S. Quero destacar ainda a excelente banda sonora que acompanha as cenas deste filme.

sábado, 4 de agosto de 2007

37. Like a Virgin segundo Tarantino, em Reservoir Dogs



A conversa entre Mr. White (Harvey Keitel), Mr. Orange (Tim Roth), Mr. Blonde (Michael Madsen), Mr. Pink (Steve Buscemi), Mr. Brown (Quentin Tarantino) e outros elementos dum grupo de criminosos que pretende assaltar uma joalharia à mesa dum "coffee shop" na cena de abertura de Reservoir Dogs (Cães Danados, Quentin Tarantino, 1992) é inesquecível. A conversa não é sobre cofres nem sobre as câmaras dum banco mas sobre o significado de "Like a Virgin" de Madonna (decidi não desenvolver as teorias avançadas pelos protagonistas sobre este tema musical para manter o nível deste espaço) e eventualmente termina com uma dissertação filosófica sobre a política de gorjetas. Inesquecível, repito. Após o pequeno almoço o grupo de criminosos, com os seus fatos negros, avança para a câmara ao som de "Little Green Bag". É o pontapé de saída para um filme recheado de Cenas Memoráveis da Sétima Arte.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

36. Anna Magnani em Wild is The Wind





Há uma cena de um filme que jamais esquecerei, apesar de o ter visto há muito, muito tempo. Em cena Anna Magnani, descabelada, vestida de negro, desafia um garanhão, igualmente negro, de crinas soltas no vento, erguido sobre as patas traseiras - dois animais magníficos, frente a frente - em presença de Anthony Quinn, força bruta sem a nobreza do animal, e de um Clark Gable já desgastado, mas com o seu inconfundível sorriso. Absolutamente inesquecível, essa cena.

Filme a preto e branco: Wild is the Wind (1957), de George Cukor.


[Sugestão e texto da Alícia]


Nota do administrador do blogue: Confesso que nunca vi o filme ou a cena que a Alícia sugere e a quem aproveito, desde já, para agradecer a participação. As imagens são da minha responsabilidade e não estão directamente relacionadas com a cena. Não consegui confirmar, em nenhum sítio, a participação de Clark Gable neste filme.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

35. O grito de revolta de Cidália em Ganhar a Vida



É sem qualquer tipo de obrigação patriótica que incluo neste espaço a primeira cena referente a um filme português. Considero João Canijo o melhor realizador português em actividade, ou pelo menos o que aprecio mais, e o cineasta que melhor soube potenciar o talento de Rita Blanco.




Ganhar a Vida (2001) conta a história de Cidália (Rita Blanco), uma emigrante portuguesa em França que perde o seu filho e, perante a indiferença das autoridades e da resignação da comunidade portuguesa, resolve questionar tudo. O filme tem o dom de descrever a falsa integração e a ausência dum sentimento de pertença dos emigrantes portugueses e que resulta numa comunidade isolada, fechada dentro de inúmeras pequenas associações, resignada aos factos. De repente tudo é colocado em causa quando Cidália exterioriza a sua revolta.

Estes emigrantes já não têm nação porque nunca vão ser cidadãos plenos do país para onde emigraram nem nunca mais vão conseguir estar plenamente integrados no país de onde vieram, mas Cidália não aceita que o mesmo aconteça à geração seguinte. E aqui é que começa o verdadeiro problema, ou seja, na segunda geração. Como Cidália diz “os nossos filhos nasceram na França, falam francês, esta é a terra onde eles nasceram e é a terra que a gente escolheu para eles crescerem”. A segunda geração já não se resigna porque não entende porque é que têm que ser cidadãos de segunda. Todo este contexto é retratado de forma singular e realista neste filme (ver crítica completa ao filme aqui).

A sequência do filme que quero destacar começa com um espectáculo de música popular (com a participação de Romana, que encaixa que nem uma luva neste contexto) e com a subida de Cidália ao palco onde, segura e emocionada, profere as palavras que reproduzo de seguida:

“Eu queria só dizer uma coisa! A gente tá aqui no que é nosso. É isto que eu queria dizer! Meu filho foi morto mas parece que ninguém se importa. Ninguém quer saber. É como se não tivesse acontecido nada. Mas eu acho que vocês deviam de importar e deviam querer saber. Deviam querer fazer qualquer coisa. A gente vive aqui, a gente não vive noutro lado. A gente tá aqui no que é nosso. E os nossos filhos nasceram na França, falam francês, esta é a terra onde eles nasceram e é a terra que a gente escolheu para eles crescerem. É isto que eu queria dizer!”

segunda-feira, 16 de julho de 2007

34. A homenagem a Pam Grier em Jackie Brown


Não consigo imaginar uma maior homenagem a uma actriz - a face mais visível dum género de cinema, a blaxploitation - do que a que Quentin Tarantino fez a Pam Grier na sequência de abertura de Jackie Brown (1997). Uma envelhecida, mas ainda cheia de classe, Pam Grier atravessa o aeroporto - primeiro estática numa escada rolante, depois a caminhar com elegância e depois em passo de corrida - ao som da música "Across 110th Street" (Bobby Womack). Esta longa cena de abertura é o veículo perfeito para uma identificação total com a personagem - seu passado, suas motivações, sua essência. Sem qualquer diálogo é-nos apresentada Jackie Brown (Pam Grier merecia este papel, feito à sua medida), numa cena que não me canso de rever, pela autenticidade da homenagem que incorpora, que só um realizador que vive a sua arte com paixão conseguiria fazer desta forma.

33. A entrada triunfal em cena de Jack Sparrow



Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl (Gore Verbinski - 2003) é um filme de puro entretenimento mas há um actor que faz toda a diferença em relação a todos os outros blockbusters: Johnny Depp (Capitão Jack Sparrow). Ainda não vi o segundo e o terceiro filme da saga mas, a julgar apenas pelo impacto da personagem no primeiro filme, arrisco-me a dizer que Depp abriu caminho para que, mesmo em filmes que só piscam para a bilheteira, os actores possam arriscar e lutar contra todos os lugares comuns.

Destaco a cena em que o Capitão Jack Sparrow apresenta-se aos espectadores. A câmara foca um imponente pirata no topo do seu barco, a olhar para o horizonte mas mal temos a percepção total do estado do barco as gargalhadas são inevitáveis. Com a ajuda dum balde o barco - que mete água por todos os lados - aproxima-se do porto e o pirata Sparrow, directamente do topo do mastro, no exacto momento em que o barco afunda definitivamente, dá um passo seguro para o porto. A partir do "desembarque" o "afectado" Sparrow dá largas a todos os seus tiques - efeminados - e caminha triunfante pelo cais, como se nada tivesse acontecido. Um trabalho notável de actor que faz toda a diferença neste filme.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

32. Gordon Gekko em Wall Street



Há personagens que são memoráveis, que transformam cada cena em que participam no filme igualmente memorável. É o caso de Gordon Gekko, magistralmente interpretado por Michael Douglas, no filme Wall Street (Oliver Stone - 1987). Oliver Stone, com esta personagem, "arranjou" o veículo perfeito (um estereótipo do "tubarão" de Wall Street) para lançar farpas ao idealismo capitalista de Reagan, no apogeu do culto ao "eu". Apesar de ser um conto moral há discursos memoráveis proferidos pelo "predador" Gordon Gekko que ganharam um lugar na história do cinema. Destaco estes excertos:

"The richest one percent of this country owns half our country's wealth, five trillion dollars. One third of that comes from hard work, two thirds comes from inheritance, interest on interest accumulating to widows and idiot sons and what I do, stock and real estate speculation. It's bullshit. You got ninety percent of the American public out there with little or no net worth. I create nothing. I own. We make the rules, pal. The news, war, peace, famine, upheaval, the price per paper clip. We pick that rabbit out of the hat while everybody sits out there wondering how the hell we did it. Now you're not naive enough to think we're living in a democracy, are you buddy? It's the free market. And you're a part of it. You've got that killer instinct. Stick around pal, I've still got a lot to teach you."
Gordon Gekko a Bud Fox (Charlie Sheen), seu "aprendiz"

"The point is, ladies and gentleman, that greed, for lack of a better word, is good. Greed is right, greed works. Greed clarifies, cuts through, and captures the essence of the evolutionary spirit. Greed, in all of its forms; greed for life, for money, for love, knowledge has marked the upward surge of mankind. And greed, you mark my words, will not only save Teldar Paper, but that other malfunctioning corporation called the USA. Thank you very much."
Gordon Gekko na Assembleia Geral de accionistas da Teldar Paper

"I don't throw darts at a board. I bet on sure things. Read Sun-tzu, The Art of War. Every battle is won before it is ever fought."
Gordon Gekko a Bud Fox

Antes da queda Gordon Gekko olha para o seu aprendiz, Bud Fox (Charlie Sheen) e remata: "I opened the doors for you... showed you how the system works... the value of information... how to get it! (...) and this is how you fucking pay me back you cockroach! (...) I gave you Darien! I gave you your manhood* I gave you everything!".

* É curioso como a associação entre masculinidade e dinheiro funciona de forma natural e credível neste filme

terça-feira, 10 de julho de 2007

31. O discurso final de Al Pacino em ... And Justice for All

Al Pacino em ...And Justice for All (Norman Jewison - 1979)

Para mim é um filme memorável, um filme que mostra que os Estados Unidos têm a "best justice money can buy" num comentário feliz, feito já não me lembro por quem, à absolvição do O.J. Simpson. A interpretação do Al Pacino neste filme é fenomenal mas, o que mais me agradou foi o fim do filme, a representação do Al Pacino no discurso final, como referi, é uma das suas melhores representações além de totalmente inesperada.

Mas praticamente todos os personagens do filme são memoráveis, além do Al Pacino, advogado pobre e com problemas de consciência, tal como o seu colega que quase que enlouquece, o procurador que se está nas tintas para a justiça e que só se preocupa com a sua carreira política, o juíz integro, sado masoquista e violador, o outro juíz, amigo do Al Pacino, com tendências suicidas, a própria namorada, talvez o personagem mais fraco que enquanto dormia com o Al Pacino fazia parte de uma comissão que o investigava, etc.

E o próprio script do filme que é um dos scripts mais criticos para a justiça americana que vi até à data.

Se me abandonassem numa ilha deserta com uma TV, um leitor de video, uma central solar e dez videos, este, juntamente com o Apocalipse Redux e o Spartacus do Stanley Kubrick, estariam certamente entre os dez.


[Sugestão e texto do Raio - Cabalas]

30. Encontro de gigantes em The Score


The Score (Frank Oz - 2001) não é um filme memorável e, em rigor, não tem nem uma cena memorável. Mas reunir três monstros do cinema (dois consagrados e um que é a eterna promessa duma nova geração) numa cena é algo que merece ser mencionado, apesar de ficar a sensação de oportunidade desperdiçada. Três ladrões (Brando, DeNiro e Norton) reúnem-se num clube de jazz soturno iluminado apenas por feixes de luz provenientes da clarabóia e, no que parece ser um encontro entre três velhos amigos, planeiam o próximo e derradeiro golpe.

Como curiosidade este é o único filme em que DeNiro e Brando contracenam apesar de já terem interpretado a mesma personagem, Vito Corleone, na saga Godfather. Outra curiosidade, que pode muito bem ser um mito de Hollywood, é que Brando apareceu em diversas cenas deste filme sem calças para obrigar o realizador a não abusar de planos muito abertos, que colocariam a nú (literalmente) o seu evidente excesso de peso.

domingo, 1 de julho de 2007

29. O encontro entre Woodward e Deep Throat em All the President's Men

Bob Woodward e Carl Bernstein

"Deep Throat"

All the President's Men (Alan J. Paluka - 1976) retrata a história de Bob Woodward (Robert Redford) e de Carl Bernstein (Dustin Hoffman), os dois jornalistas do Washington Post que investigaram a ligação entre a colocação de escutas na sede nacional do Partido Democrata e o executivo da Casa Branca (caso Watergate). Esta investigação levou à demissão do então Presidente Richard Nixon.

Escolhi uma cena que, na minha opinião, é crucial tanto para a investigação como para o filme, ou seja, o primeiro encontro de Woodward com o já mítico "Deep Throat" ("Garganta Funda"). O "Deep Throat" é uma das figuras centrais desta investigação e é ele que une todas as pontas soltas e os fragmentos da história e, num qualquer estacionamento subterrâneo, a fumar um cigarro, no meio das sombras retira a investigação do ponto morto:

Deep Throat: "Forget the myths the media's created about the White House. The truth is, these are not very bright guys... and things got out of hand. (...) Follow the money."

Woodward: "What do you mean? Where?"

Deep Throat: "I can't tell you that."

Woodward: "But you could tell me that."

Deep Throat: "No, i have to do this my way. You tell me what you know and i'll confirm. I'll keep you in the right direction if i can, but that's all. Just follow the money."

O rasto, do dinheiro claro, foi dar directamente a Nixon. Um excelente filme para (re)ver e para reflectir sobre a liberdade de imprensa.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Questionário

Agradeço (ou não ;)) ao caro amigo Shinobi o desafio para participar nesta corrente cinéfila.

O que é para ti um MAU filme?

Responder a esta questão não é fácil uma vez que, conforme o género, a definição de mau filme pode e deve variar. Um drama que não emociona, um filme de terror que não assusta ou um filme histórico que não empolga podem facilmente caber nesta categoria. Mas essencialmente, e este argumento é válido para qualquer género, considero maus filmes todos aqueles que alimentam a mediocridade de ideias, todos aqueles que se divorciam do conceito de arte e cedem aos mais puros conceitos comerciais e, mais importante que tudo, que não despertam qualquer tipo de emoção.

Remakes ou sequelas: Havendo apenas estas duas escolhas sem opção de recusa, qual assistirias?

Não posso dizer depende? Há "remakes" absolutamente fenomenais (Departed é um exemplo recente dum bom "remake") e dentro desta categoria, há abordagens diferentes, ou seja, as que simplesmente actualizam um filme ou as que reinventam uma ideia presente no filme original. Também há sequelas muito bem conseguidas (Godfather é um bom exemplo) e distingo, dentro desta categoria, as que inovam ou as que apenas utilizam a boleia comercial do primeiro filme. Se tivesse que escolher diria que há mais bons exemplos de "remakes" do que de "sequelas" mas aviso, desde já, que nunca abdicaria, se fosse o dono dum estúdio, de dar carta branca a certos realizadores para fazerem sequelas. Ainda olho com nostalgia o tempo em que os realizadores tinham mais controlo criativo sobre os filmes (década de 70 e início da de 80).

Que tipo de filme português gostarias de ir ver ao cinema?

Antes de mais a questão do financiamento tem que mudar radicalmente. Tem que haver mais apetência ao risco por parte do investimento privado e menos controlo por parte de comissões sobre que filmes podem ser feitos em Portugal. Realizadores de enorme talento como Marco Martins e João Canijo têm imensas dificuldades em filmar. Posto isto gostaria que o cinema português aproveitasse o imenso espólio literário que o país possui e apostasse em argumentos adaptados inspirados nesse espólio. Sem excesso de formalismo, sem excesso de teatralismo e conjugando o cinema de autor com as expectativas do público. Tenho, adicionalmente, um sonho antigo, concretizando, ver a cidade do Porto como cenário dum bom filme de terror, ou alguém duvida que o cinzentismo da cidade, as suas ruas estreitas, as suas arcadas sombrias e o seu clima londrino dariam um excelente cenário para um filme de terror?

Que cliché cinematográfico já não tens pachorra para ver novamente?

Como diria a personagem de Kathy Bates em Misery estou farto que me tratem por estúpido no cinema e quando alguém é empurrado para um precipício devia ser proibido haver um pequeno arbusto que salve o protagonista.

Qual o teu fan video preferido?

Não tenho.

A quem desafias este questionário?

Inominável

Espaço Cinzento

Devaneios Desintéricos (por vingança por outro desafio ;))

segunda-feira, 18 de junho de 2007

28. 12 Angry Men



Nunca a expressão "tensão de cortar à faca" foi tão bem filmada como neste filme de 1957, do mestre Sidney Lumet. Doze jurados dentro de uma sala reflectindo no veredicto a dar a um presumível assassino. Onze deles cheios de quase certezas sobre a culpabilidade do mesmo. Um deles, Henry Fonda num dos melhores papéis da sua carreira, com muitas dúvidas sobre todo o caso. O filme é, para mim, um tratado sobre a natureza humana, sobre como deixamos que todos os nossos preconceitos nos toldem a objectividade, a um ponto em que não conseguimos discernir o que é verdade e o que é mentira. Todo o filme pode ser considerado uma "cena" memorável da sétima arte, mas uma vez que há que escolher, escolho a cena em que o jurado interpretado por Lee J. Cobb faz uma derradeira tentativa de defender a sua opinião e acaba por decidir o veredicto.

[Sugestão e texto do Nuno - Espaço Cinzento]

domingo, 27 de maio de 2007

27. O Sacrifício de Ripley







Alien 3 (1992 - David Fincher) é um regresso às origens, ao tipo de filmes que Ridley Scott idealizou (até Giger voltou a participar na concepção do Alien). É o mais negro dos três filmes mas problemas na produção impediram que o filme rivalize com o de Ridley Scott. Destaco a cena final do filme pelo seu simbolismo. Ellen Ripley (Sigourney Weaver), com uma rainha dentro de si, recusa a promessa de salvação por parte da "companhia" e sacrifica-se para tentar acabar com a espécie que a atormenta (Ripley chega a dizer ao Alien: "You've been in my life so long, I can't remember anything else"). Durante a queda em direcção à fornalha o Alien sai com violência do seu peito e, num gesto quase maternal, Ripley aconchega o recém-nascido e mantém-no junto a si rumo ao inevitável destino final. A forma gentil mas segura como Ripley trata o responsável pela sua morte nos momentos que antecedem a morte de ambos, numa cena de enorme duplicidade que mistura sentimentos de ódio e instintos maternais, é memorável.

sábado, 26 de maio de 2007

26. Ripley armada até aos dentes



Newt: My mommy always said there were no monsters - no real ones - but there are, aren't there?
Ripley: Yes, there are.
Newt: Why do they tell little kids that?
Ripley: Most of the time it's true.

Aliens (1986 - James Cameron) pouco herda de Alien (1979 - Ridley Scott). Se o filme de Ridley Scott é um filme de terror e suspense este, o de James Cameron, é um filme de acção, menos cerebral e complexo. As emoções são simples e as personagens menos ambíguas. Mas não deixa de ser um excelente filme de acção.

Destaco a cena em que Ripley (Sigourney Weaver), reinventada como heroína de acção numa antecâmara do que Cameron faria com Linda Hamilton em T2, arrisca tudo para salvar a menina (Newt - Carrie Henn) que a tinha adoptado como mãe. Armada até aos dentes Ripley entra no covil da Rainha (outra invenção de Cameron, desta vez sem o toque de Giger na construção do aspecto do Alien) e, com uma crueldade que só uma mulher consegue ter com outra mulher, resgata da influência da Rainha Newt, deixando um rastro de destruição imparável. A certa altura Ripley dispara "Get away from her, you bitch!".

25. O Alien a sair do peito de Kane







Considero o primeiro Alien (1979 - Ridley Scott) o melhor filme de terror alguma vez feito. É um filme com uma atmosfera bem conseguida e assustadora, com personagens com densidade e ambiguidade e com um argumento criativo e cerebral. Há uma cena que quero destacar e que, da primeira vez que vi, achei arrepiante. Kane (John Hurt), após estar em coma com um Alien na sua primeira fase de gestação colado à face, acorda sem sinal do Alien. Bem disposto reúne-se com os companheiros do cargueiro Nostromo e, com apetite, devora a comida como se comesse por dois. De repente engasga-se e numa espiral de dor contorce-se até que o peito explode e o seu corpo cede repentinamente. Segue-se um silêncio que mostra a consternação na face de todos e, de dentro do seu peito, sai o Alien que contempla o seu mundo novo como se de um bebé se tratasse.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

24. O derradeiro sacrifício


Não é fácil escolher uma cena desta trilogia - a do Senhor dos Anéis - que já ficou, de forma merecida, para a história do cinema. Escolhi o prelúdio do fim (Return of the King (2003) - Peter Jackson) quando Frodo (Elijah Wood) e Sam (Sean Astin), exaustos, escalam o "Mount Doom", em direcção à fornalha que criou e podia destruir o anel. O diálogo e a imagem dizem tudo sobre este derradeiro sacrifício.

Sam: Do you remember the Shire, Mr. Frodo? It'll be spring soon. And the orchards will be in blossom. And the birds will be nesting in the hazel thicket. And they'll be sowing the summer barley in the lower fields... and eating the first of the strawberries with cream. Do you remember the taste of strawberries?

Frodo: No, Sam. I can't recall the taste of food... nor the sound of water... nor the touch of grass. I'm... naked in the dark, with nothing, no veil... between me... and the wheel of fire! I can see him... with my waking eyes!

Sam: Then let us be rid of it... once and for all! Come on, Mr. Frodo. I can't carry it for you... but I can carry you!

23. O voyeurismo do público ou O cineasta que espia as suas criações



Um dos meus filmes favoritos, é ‘Janela Indiscreta’ de Hitchcock com os protagonistas James Stewart e Grace Kelly.

É uma história simples em que o protagonista está imobilizado depois de um acidente e resolve passar o tempo a espreitar a vida dos vizinhos da janela do seu apartamento.

Apesar de ser um filme antigo, é um filme de eleição, o espectador tem o mesmo ângulo de visão do protagonista.

O escritor e biógrafo do cineasta, Bruno Villien, vai mais longe e afirma: “O voyeurismo do público faz eco ao do criador. É, em princípio, o cineasta que espia as suas criações, faz com que estas sofram, filma-as para deleite dos espectadores.”

[Sugestão e texto de Amélia Ribeiro]

domingo, 29 de abril de 2007

22. A sequência do lago em Herói


Não é fácil escolher uma cena do filme Herói (Yimou Zhang - 2002) que o Jorge descreve da seguinte forma: "Quem visiona "Herói" fica claramente com a nítida sensação que está perante um belo quadro, em que o autor vai pintando cada cena à medida das suas múltiplas sensações, com aguarelas vivas, mas que representam sobretudo uma alegria perene ou uma tristeza infindável." (Shinobi dixit).

Escolhi a sequência do lago de entre três cenas que achei mais "memoráveis" porque é duma beleza visual estonteante e por causa dum pormenor que achei particularmente bem conseguido. Por curiosidade as cenas excluídas são a batalha no bosque entre Lua (Ziyi Zhang) e Neve Esvoaçante (Maggie Cheung) e a cena final do filme (esta porque não quero colocar aqui o final do filme). A sequência do lago - o confronto entre Sem Nome (Jet Li) e Espada Partida (Tony Leung) - foi filmada num local de particular beleza natural na região de Jiuzhaigou. Filmar num local como este é, já por si, uma mais valia para a cena e a mistura entre efeitos digitais e filmagens no local dos actores através dum complexo sistema de gruas resulta numa luta que parece um bailado celestial, à volta do local onde jaz sem vida Neve Esvoaçante. Durante a batalha há uma fase em que pequenas gotas de água são atiradas na direcção de cada um dos protagonistas da batalha e, a certa altura, uma gota atinge o rosto de Neve Esvoaçante. Espada Partida voa, sim voa, em direcção à sua amada e apara a gota que se confunde com uma lágrima. Perante este gesto Sem Nome interrompe o seu ataque já na sua fase final. Ainda que seja uma batalha mental, ainda que apenas uma versão da história que se desenrola, esta cena é realmente "memorável".

Como curiosidade o lago da região de Jiuzhaigou só tem as águas sem movimento durante duas horas do dia e, por isso, as filmagens desta cena duraram muitos dias. Após estas filmagens estão proibidas novas filmagens neste local uma vez que a equipa do filme Herói deixou um excessivo rasto de poluição no local.

21. "I have crossed oceans of time to find you"




"I have crossed oceans of time to find you" *

* Do filme Drácula de Bram StoKer (1992 - Francis Ford Coppola). Esta frase está contida na cena do reencontro, após séculos de separação, entre Vlad Tepes / Drácula (Gary Oldman) e Elisabeta / Mina Murray (Winona Ryder)

[Sugestão da Belinha]

segunda-feira, 23 de abril de 2007

20. Cinema Paraíso - O beijo



Quando se disserta acerca da obra-prima de Giuseppe Tornatore, e ainda mais quando nos lançam o desafio de escolher uma cena predilecta desta MAGNÍFICA longa-metragem, tal desiderato torna-se numa tarefa hercúlea, à semelhança do herói da mitologia grega, na demanda da superação dos seus 12 trabalhos. Aqui o número doze seria uma perfeita insignificância, atendendo às dezenas de "frames" memoráveis que "Cinema Paraíso" possui.

No entanto, e feita uma cuidada ponderação, quando reflectimos acerca da angústia de Salvatore (Toto) em maldizer o facto da estação estival nunca mais terminar - "Verão de merda! Se fosse num filme...." - como condição "sine qua nom" para poder rever o seu amor! Quando pensamos na chuva a embater na face do apaixonado, e o sorriso triunfante que posteriormente se vislumbra no inocente rosto! Quando (passe a repetição), a bela e doce Elena surge do "nada" e torna-se no "tudo", colando sofregamente os seus lábios nos de Salvatore, fazendo com que aquele momento fosse único na vida de ambos...

Todos nós, consoante os casos, sentimos que desejaríamos ser Salvatore ou Elena naquele momento!

[Sugestão e texto do Shinobi - My Asian Movies]


Desafio todos os leitores deste blogue a contribuírem para esta rubrica (Cenas Memoráveis da Sétima Arte). Pode ser uma cena ou um pormenor, seja técnico ou de representação, do vosso filme favorito ou de um outro qualquer filme que, por alguma razão, emocional ou técnica, vos marcou. Basta uma pequena descrição da cena ou um pequeno apontamento que justifique a escolha, o nome do filme e, eventualmente, o vosso apelido e blogue. O mail é, como sempre, filhodo25deabril [at] gmail.com.

domingo, 15 de abril de 2007

19. O duelo no cemitério


Há realizadores de cinema que, pela sua visão e pela forma como a compõem no grande ecrãn, fazem com que a Sétima Arte dê um passo em frente. Sergio Leone foi um desses realizadores. E se era difícil destacar uma cena de Era Uma Vez na América, como o Ricardo muito acertadamente explicou, para mim é ainda mais difícil destacar uma de O Bom, o Mau e o Vilão. Mas, pelo clímax que o filme atinge, pela forma como a câmara se move entre as faces de Tuco (Eli Wallach), Blondie (Clint Eastwood) e Angel Eyes (Lee Van Cleef), pelos grandes planos de uma beleza singular, e pela forma como toda a cena é envolvida pela música de Ennio Morricone (enorme vénia), o duelo no cemitério é, sem dúvida, uma das cenas mais imponentes filmadas em todo o cinema western. Ó, o extâse do ouro! Ou como Tuco diria,

"Hey, Blond! You know what you are? Just the greatest son-of-a-b-! "

[Sugestão e texto do Nuno - Espaço Cinzento]

18. Always Look on the Bright Side of Life




No filme dos Monty Phyton, Life of Brian (Terry Jones - 1974), há uma cena que considero ser uma das mais engraçadas que já vi no cinema. Nunca imaginei que, perante o pior cenário possível a que um homem pode estar sujeito, concretizando, pendurado numa cruz no meio do deserto e sujeito a um Sol abrasador, que as personagens começassem a cantar a (agora) mítica música "Always Look on the Bright Side of Life". Sempre que vejo esta cena, por mais soturno que esteja, não consigo deixar de sorrir e assobiar, nem que seja baixinho.


Some things in life are bad
They can really make you mad
Other things just make you swear and curse.
When you're chewing on life's gristle
Don't grumble, give a whistle
And this'll help things turn out for the best...

And...always look on the bright side of life...
Always look on the light side of life...

If life seems jolly rotten
There's something you've forgotten
And that's to laugh and smile and dance and sing.
When you're feeling in the dumps
Don't be silly chumps
Just purse your lips and whistle - that's the thing.

And...always look on the bright side of life...
Always look on the light side of life...

For life is quite absurd
And death's the final word
You must always face the curtain with a bow.
Forget about your sin - give the audience a grin
Enjoy it - it's your last chance anyhow.

So always look on the bright side of death
Just before you draw your terminal breath

Life's a piece of shit
When you look at it
Life's a laugh and death's a joke, it's true.
You'll see it's all a show
Keep 'em laughing as you go
Just remember that the last laugh is on you.

And always look on the bright side of life...
Always look on the right side of life...
(Come on guys, cheer up!)
Always look on the bright side of life...
Always look on the bright side of life...
(Worse things happen at sea, you know.)
Always look on the bright side of life...
(I mean - what have you got to lose?)
(You know, you come from nothing - you're going back to nothing.
What have you lost? Nothing!)
Always look on the right side of life...

segunda-feira, 9 de abril de 2007

17. O último encontro entre Noodles e Max em Once Upon a Time in America



Max (James Woods) e Noodles (Robert De Niro) no culminar duma amizade "larger than life"

Era Uma Vez na América (Once Upon a Time in America - 1984) é um filme épico e incontornável da história do cinema. É difícil destacar uma cena desta obra-prima (a última) de Sergio Leone mas vou fazê-lo na mesma.

O filme não é mais do que uma história de amizade que se estende por 50 anos. Acho o último encontro entre Max (James Woods) e Noodles (Robert De Niro) tocante. É o culminar de uma amizade inesquecível que criou laços profundos e que chegou a um ponto sem retorno e isso está expresso no olhar triste e resignado de ambos. Se a vida - e as suas circunstâncias - são capazes de terminar esta amizade então nada é eterno. Ao revelar a sua traição a Noodles, Max espera que seja o seu amigo que o liberte do impasse a que a sua vida chegou e pede que seja ele, e não outro qualquer, a pegar na arma e a acabar com tudo. Mas Noodles recusa a oportunidade de vingar-se do homem que lhe roubou toda a sua vida e não se nota ressentimento, só tristeza. A maneira formal como Noodles trata o seu "irmão", como "Mr. Bailey", marca o fim de uma amizade que a memória não deixa desaparecer mas que as circunstâncias da vida trataram de terminar de forma abrupta e definitiva...

O filme não termina sem mais duas cenas - a do camião de lixo e a da casa de ópio (com um dos mais famosos "close-ups" do cinema) - e quem viu o filme recorda-se com certeza de ambas as cenas. Mas essas cenas dariam uma interminável discussão especulativa e, por isso, e já não é pouco, fico-me pela cena que escolhi.

16. A morte de Elias em Platoon


A morte de Elias (Willem Defoe) às mãos dos vietcongs, enquanto o resto do pelotão assiste à cena do alto dos helicópteros. Ou, se quisermos reflectir um pouco, pode também tratar-se de uma alegoria de Oliver Stone sobre a forma como a ilusão da vitória foi também ela morrendo nos corações dos soldados americanos que iam conseguindo sobreviver ao inferno que foi o Vietnam. Ou, nas palavras de Chris Taylor (Charlie Sheen),

"I think now, looking back, we did not fight the enemy; we fought ourselves. The enemy was in us. The war is over for me now, but it will always be there, the rest of my days. As I'm sure Elias will be, fighting with Barnes for what Rhah called "possession of my soul." There are times since, I've felt like a child, born of those two fathers. But be that as it may, those of us who did make it have an obligation to build again. To teach to others what we know, and to try with what's left of our lives to find a goodness and a meaning to this life."

[Sugestão e texto do Nuno - Espaço Cinzento]


Desafio todos os leitores deste blogue a contribuírem para esta rubrica (Cenas Memoráveis da Sétima Arte). Pode ser uma cena ou um pormenor, seja técnico ou de representação, do vosso filme favorito ou de um outro qualquer filme que, por alguma razão, emocional ou técnica, vos marcou. Basta uma pequena descrição da cena ou um pequeno apontamento que justifique a escolha, o nome do filme e, eventualmente, o vosso apelido e blogue. O mail é, como sempre, filhodo25deabril [at] gmail.com.

15. Run Forrest! Run!

Run Forrest! Run!

"Run Forrest! Run!" - O que leva uma cena a tornar-se incontornável só as forças místicas do planeta sabem. Esta cena, e principalmente as palavras de Jenny (Robin Wright Penn) ficaram para a história do cinema (e não só!), num filme (Forrest Gump, de Robert Zemeckis - 1994) em que a história da América é vista a partir do ponto de vista do ingénuo e inocente - como estou politicamente correcto - Forrest Gump (Tom Hanks).

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14. A cena de nudez de Kathy Bates em About Schmidt







Kathy Bates é uma excelente actriz (ver também esta cena) e só as verdadeiras actrizes são capazes de fazer certas cenas - em que o risco do ridículo é elevado - desta forma, ou seja, cenas em que só com uma classe fora do normal por parte de quem as protagoniza faz com que seja possível atingir um resultado final brilhante. Kathy Bates é uma mulher, para usar um eufemismo, que tem o tecido adiposo muito desenvolvido. E em About Schmidt (Alexander Payne - 2002) a sua personagem, Roberta Hertzel, uma mulher extremamente "sexual" e "desempoeirada", aconselha Warren Schmidt (Jack Nicholson) a utilizar o jacuzzi ao ar livre. Sem qualquer tipo de condicionamento social vemos Roberta, adornada com o seu roupão vermelho, a caminhar para o jacuzzi, com a maior tranquilidade do mundo, e, de repente, a despir-se, sem deixar nenhuma frase a meio, e, finalmente, a entrar no jacuzzi, sempre com a maior naturalidade do mundo, perante um Jack Nicholson estupefacto e sem reacção. A cena é extremamente engraçada, inesperada e natural e a sua excelência só está ao alcance de actrizes de eleição que não se importam de correr riscos.

Sem aguardar por uma resposta e já com um pé dentro do jacuzzi, Roberta apenas pergunta: "Mind if i join you?"! Não admira que até o mítico Jack Nicholson (no filme em que vemos Nicholson a não ser Nicholson) saia do libertino banho ao ar livre sem palavras e em passo acelerado.


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13. As regras do Clube de Combate


"The first rule of Fight Club is - you do not talk about Fight Club. The second rule of Fight Club is - you DO NOT talk about Fight Club. Third rule of Fight Club, someone yells Stop!, goes limp, taps out, the fight is over. Fourth rule, only two guys to a fight. Fifth rule, one fight at a time, fellas. Sixth rule, no shirt, no shoes. Seventh rule, fights will go on as long as they have to. And the eighth and final rule, if this is your first night at Fight Club, you have to fight."

Tyler Durden (Brad Pitt) no filme Clube de Combate (Fight Club - 1999), realizado por David Fincher

[Sugestão da Sónia - Garden of Delight]


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12. Meu nome é Zé Pequeno, porra!



"Meu nome é Zé Pequeno, porra!"

Zé Pequeno (Leandro Firmino) no filme Cidade de Deus (2002), realizado por Fernando Meirelles

[Sugestão da Sónia - Garden of Delight]


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11. How much did 21 grams weigh?



"How many lives do we live? How many times do we die? They say we all lose 21 grams... at the exact moment of our death. Everyone. And how much fits into 21 grams? How much is lost? When do we lose 21 grams? How much goes with them? How much is gained? How much is gained? Twenty-one grams. The weight of a stack of five nickels. The weight of a hummingbird. A chocolate bar. How much did 21 grams weigh?"

Paul Rivers (Sean Penn), no filme 21 Grams (2003), realizado por Alejandro González Iñárritu

[Sugestão da Sónia - Garden of Delight]


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10. A tensão sentimental emanada por Li Mu Bai e Yu Shu Lien em o Tigre e o Dragão




"A tensão sentimental emanada por Li Mu Bai (Chow Yun Fat) e Yu Shu Lien (Michelle Yeoh), na obra-prima de Ang Lee, "O Tigre e o Dragão", toca-nos o âmago da alma. Verdadeiramente sentimos o que na realidade significa o amor existente entre um homem e uma mulher, quando Li Mu Bai, na hora da morte, fita Yu Shu Lien nos olhos, e profere a frase mais pura e apaixonada da história da sétima arte:

"I would rather be a ghost drifting by your side as a condemned soul than enter heaven without you... because of your love, I will never be a lonely spirit"

O violoncelo mágico de Yo-Yo Ma faz o resto..."


[Sugestão e texto do Shinobi - My Asian Movies]



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9. A batalha inicial em Gangs of New York


(Clique na imagem para ampliar)


A batalha inicial que marca todo o enredo do filme Gangs of New York (Martin Scorsese - 2002) foi filmada de modo a proporcionar uma beleza visual imponente. Para a história do cinema fica o início da batalha quando os "Natives" atiram os seus chapéus para o ar e correm em direcção aos seus antagonistas, os "Dead Rabbits". O aparato visual, a qualidade técnica e a coreografia desta cena merecem este destaque.


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8. O aumento gradual da tensão em Frantic (Frenético)


Num dos meus filmes favoritos de Roman Polanski, Frantic - Frenético (1988), há uma sequência de cenas no início do filme que não são frenéticas mas que representam bem como é possível acrescentar, aos poucos, tensão num filme. O médico Richard Walker (Harrison Ford) e a sua esposa Sondra (Betty Buckley) chegam a Paris para uma conferência médica e dá-se uma sucessão de cenas perfeitamente banais, quotidianas entenda-se, que em nada fazem prever o que acontece de seguida. Enquanto o doutor Walker toma banho a sua mulher diz algumas frases imperceptíveis. Depois de sair do banho, e enquanto barbeia-se, faz uma pergunta e não obtém resposta. Entra no quarto e a sua mulher não está presente. Espera e espera e alguém toca à porta. É o pequeno almoço que foi pedido por Sondra. A carteira dela ainda está no quarto. Adormece. Quando acorda a sua mulher ainda não está lá. Rapto? Traição? Procura na entrada do hotel e na rua. Não há um único indício, uma pista, uma possibilidade. Pouco a pouco nota-se na sua face um crescendo de preocupação e um aumento gradual de tensão. Richard Walker chega à recepção do hotel e diz "I am looking for my wife".

Nota: A banda sonora de Ennio Morricone é essencial para dar às cenas uma intensidade ímpar.

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7. A paixão duma "fã número um" levada ao extremo em Misery



Esta cena que está integrada no filme Misery (1990), de Rob Reiner, provoca, mesmo àqueles que têm um estômago forte, desconforto. Para contextualizar esta cena para quem nunca teve a oportunidade de ver o filme ou que precisam de estimular a memória, convém referir que Paul Sheldon (James Caan), após um violento acidente de automóvel durante uma forte tempestade de neve, é salvo pela sua fã número um, Annie Wilkes (a excelente Kathy Bates). Paul, gravemente ferido, fica imobilizado numa cama na casa de Annie e, pouco a pouco, apercebe-se que a sua maior fã o mantém refém na sua casa. É impressionante a qualidade da interpretação de Kathy Bates já que tanto está serena e meiga como explode e fica violenta. Annie, desconsolada ao ler o último livro de Sheldon sobre a sua personagem favorita, Misery, obriga-o a rescrever o livro e mantém-no isolado no quarto. Este, porém, enquanto Annie está ausente, consegue, mesmo limitado fisicamente, escapar do seu quarto e ficar na posse de uma faca de cozinha que pretende usar para poder escapar. Annie chega a casa...

Annie está prestes a entrar no quarto onde Sheldon, imóvel e acamado, aguarda pela sua chegada. Ela não entra, ouvem-se os passos cada vez mais distantes. Sheldon guarda a faca numa abertura do colchão e... adormece. De repente acorda com o barulho que Annie faz ao entrar intempestivamente no quarto e, antes que possa reagir, esta dá-lhe uma injecção que o faz entrar num sono profundo. Ouve o seu nome, já é manhã, a voz pertence a Annie que, de forma pausada e tranquila, o retira do seu sono. Está amarrado, foi apanhado. Annie mantém a sua voz terna enquanto explica como descobriu a sua tentativa de fuga e, sempre calma, coloca um pedaço de madeira entre os seus pés. Paul suplica mas Annie está imperturbável e quanto esta sai do quarto e regressa com uma marreta o medo instala-se em Sheldon e está estampado na sua cara. Eis senão quando Annie sobe a marreta e parte o seu pé numa imagem duma violência gráfica impressionante. Nesta fase a imagem está centrada na face do escritor que solta gritos de desespero e, de repente, só se ouve o som do seu outro pé a ter o mesmo destino do primeiro. O escritor, tão cedo, não pode escapar à sua fã número um. E Annie, sempre calma e serena, virada para um Paul em agonia, só diz “God, I love you”...

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6. O vídeo da "dança" do saco de plástico em American Beauty (Beleza Americana)




"It was one of those days where it's a minute away from snowing and there was this electricity in the air. You can almost hear it. Right? And this bag was just dancing with me, like a little kid begging me to play with it, for 15 minutes. That´s the day i realized that there was this entire life behind things and this incredibly benevolent force that wanted me to know that there was no reason to be afraid... ever. Video's a poor excuse, i know, but it helps me remember, i need to remember, sometimes there's so much... beauty in the world. I feel like i can't take it and my heart is just going to cave in."

Ricky Fitts (Wes Bentley) em American Beauty (Beleza Americana), de Sam Mendes com argumento de Alan Ball


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5. A cena final de Lost in Translation



"Porque o mundo nos parece por vezes tão estranho ou porque, noutras alturas, nós próprios parecemos demasiado estranhos para o resto do mundo que nos rodeia. Porque as linhas que nos unem nem sempre são rectilíneas. Porque as imagens que são projectadas no grande ecrãn parecem ter sido "roubadas" da nossa própria vida. Porque quando os acordes dos Jesus And Mary Chain começaram a ecoar na sala de cinema, tudo se encaixou e tudo fez sentido."

[Sugestão do Nuno - Espaço Cinzento]


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domingo, 8 de abril de 2007

4. A cena do aeroporto em Dog Day Afternoon


Para quem não se lembra ou nunca viu Dog Day Afternoon (1975) este filme descreve, numa interpretação algo livre, um acontecimento verídico que envolveu um assalto a um banco. A cena do aeroporto - ainda dentro do automóvel - é dum primor técnico inesquecível já que todos os pormenores são filmados para que se entenda tudo o que está a acontecer sem quebrar o ritmo da acção ou a continuidade da cena. O filme envolve-nos obsessivamente no universo do assaltante (Al Pacino) e das suas vítimas, que se arrasta durante 99% da película a um ritmo pausado, e, numa fracção de segundo, num ápice, de forma brusca, somos arrastados para fora desse universo e tudo acaba sem darmos conta que o princípio do fim já tinha começado.

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3. Capote apaixonado por Capote


"And sometimes when i think how good my book can be, I can hardly breathe", Truman Capote (Philip Seymour Hoffman), no filme Capote (2005).

2. O fim da utopia em Syriana


A cena em que o agente da CIA Bob Barnes (George Clooney) e o Príncipe Nasir Al-Subaai (Alexander Siddig), em Syriana, trocam o último olhar, sem tempo para um diálogo, em que ambos compreendem que aquele momento é o fim duma utopia, ilustração perfeita de como um sonho desmorona com o simples acto de pressionar um botão. No seguimento desta cena Bryan Woodman (Matt Damon) caminha em direcção do deserto ilustrando a impotência do homem em seguir as suas utopias.

1. Conversa de café em Heat



Foi em 1995 que Robert De Niro e Al Pacino finalmente contracenaram, no filme Heat - Cidade sobre Pressão, de Michael Mann. Neste filme as personagens que interpretam são antagonistas - o tenente Vicent Hanna (Al Pacino) e Neil McCauley (Robert De Niro) -e conversam calmamente num café na margem de uma auto-estrada de Los Angeles. Após as personagens passarem metade do filme a estudarem-se mutuamente à distância num jogo do gato e do rato, o tenente Vicent Hanna convida o ardiloso Neil McCauley para um memorável café em que até os sonhos são motivo de conversa.

Como curiosidade ambos os actores já tinham sido protagonistas no mesmo filme (Godfather II - Padrinho II) mas as suas personagens não se cruzam no filme. Robert De Niro, no filme, encarna uma versão jovem de Don Vito Corleone, pai de Michael Corleone (Al Pacino). Como as suas personagens "viviam" em épocas diferentes o encontro entre os actores teve que esperar que Michael Mann tivesse a visão de os colocar frente a frente, numa cena de uma simplicidade exemplar, a beber um café e a falarem da vida. Uma cena que se tornou num clássico instantâneo da Sétima Arte.