domingo, 29 de abril de 2007

22. A sequência do lago em Herói


Não é fácil escolher uma cena do filme Herói (Yimou Zhang - 2002) que o Jorge descreve da seguinte forma: "Quem visiona "Herói" fica claramente com a nítida sensação que está perante um belo quadro, em que o autor vai pintando cada cena à medida das suas múltiplas sensações, com aguarelas vivas, mas que representam sobretudo uma alegria perene ou uma tristeza infindável." (Shinobi dixit).

Escolhi a sequência do lago de entre três cenas que achei mais "memoráveis" porque é duma beleza visual estonteante e por causa dum pormenor que achei particularmente bem conseguido. Por curiosidade as cenas excluídas são a batalha no bosque entre Lua (Ziyi Zhang) e Neve Esvoaçante (Maggie Cheung) e a cena final do filme (esta porque não quero colocar aqui o final do filme). A sequência do lago - o confronto entre Sem Nome (Jet Li) e Espada Partida (Tony Leung) - foi filmada num local de particular beleza natural na região de Jiuzhaigou. Filmar num local como este é, já por si, uma mais valia para a cena e a mistura entre efeitos digitais e filmagens no local dos actores através dum complexo sistema de gruas resulta numa luta que parece um bailado celestial, à volta do local onde jaz sem vida Neve Esvoaçante. Durante a batalha há uma fase em que pequenas gotas de água são atiradas na direcção de cada um dos protagonistas da batalha e, a certa altura, uma gota atinge o rosto de Neve Esvoaçante. Espada Partida voa, sim voa, em direcção à sua amada e apara a gota que se confunde com uma lágrima. Perante este gesto Sem Nome interrompe o seu ataque já na sua fase final. Ainda que seja uma batalha mental, ainda que apenas uma versão da história que se desenrola, esta cena é realmente "memorável".

Como curiosidade o lago da região de Jiuzhaigou só tem as águas sem movimento durante duas horas do dia e, por isso, as filmagens desta cena duraram muitos dias. Após estas filmagens estão proibidas novas filmagens neste local uma vez que a equipa do filme Herói deixou um excessivo rasto de poluição no local.

21. "I have crossed oceans of time to find you"




"I have crossed oceans of time to find you" *

* Do filme Drácula de Bram StoKer (1992 - Francis Ford Coppola). Esta frase está contida na cena do reencontro, após séculos de separação, entre Vlad Tepes / Drácula (Gary Oldman) e Elisabeta / Mina Murray (Winona Ryder)

[Sugestão da Belinha]

segunda-feira, 23 de abril de 2007

20. Cinema Paraíso - O beijo



Quando se disserta acerca da obra-prima de Giuseppe Tornatore, e ainda mais quando nos lançam o desafio de escolher uma cena predilecta desta MAGNÍFICA longa-metragem, tal desiderato torna-se numa tarefa hercúlea, à semelhança do herói da mitologia grega, na demanda da superação dos seus 12 trabalhos. Aqui o número doze seria uma perfeita insignificância, atendendo às dezenas de "frames" memoráveis que "Cinema Paraíso" possui.

No entanto, e feita uma cuidada ponderação, quando reflectimos acerca da angústia de Salvatore (Toto) em maldizer o facto da estação estival nunca mais terminar - "Verão de merda! Se fosse num filme...." - como condição "sine qua nom" para poder rever o seu amor! Quando pensamos na chuva a embater na face do apaixonado, e o sorriso triunfante que posteriormente se vislumbra no inocente rosto! Quando (passe a repetição), a bela e doce Elena surge do "nada" e torna-se no "tudo", colando sofregamente os seus lábios nos de Salvatore, fazendo com que aquele momento fosse único na vida de ambos...

Todos nós, consoante os casos, sentimos que desejaríamos ser Salvatore ou Elena naquele momento!

[Sugestão e texto do Shinobi - My Asian Movies]


Desafio todos os leitores deste blogue a contribuírem para esta rubrica (Cenas Memoráveis da Sétima Arte). Pode ser uma cena ou um pormenor, seja técnico ou de representação, do vosso filme favorito ou de um outro qualquer filme que, por alguma razão, emocional ou técnica, vos marcou. Basta uma pequena descrição da cena ou um pequeno apontamento que justifique a escolha, o nome do filme e, eventualmente, o vosso apelido e blogue. O mail é, como sempre, filhodo25deabril [at] gmail.com.

domingo, 15 de abril de 2007

19. O duelo no cemitério


Há realizadores de cinema que, pela sua visão e pela forma como a compõem no grande ecrãn, fazem com que a Sétima Arte dê um passo em frente. Sergio Leone foi um desses realizadores. E se era difícil destacar uma cena de Era Uma Vez na América, como o Ricardo muito acertadamente explicou, para mim é ainda mais difícil destacar uma de O Bom, o Mau e o Vilão. Mas, pelo clímax que o filme atinge, pela forma como a câmara se move entre as faces de Tuco (Eli Wallach), Blondie (Clint Eastwood) e Angel Eyes (Lee Van Cleef), pelos grandes planos de uma beleza singular, e pela forma como toda a cena é envolvida pela música de Ennio Morricone (enorme vénia), o duelo no cemitério é, sem dúvida, uma das cenas mais imponentes filmadas em todo o cinema western. Ó, o extâse do ouro! Ou como Tuco diria,

"Hey, Blond! You know what you are? Just the greatest son-of-a-b-! "

[Sugestão e texto do Nuno - Espaço Cinzento]

18. Always Look on the Bright Side of Life




No filme dos Monty Phyton, Life of Brian (Terry Jones - 1974), há uma cena que considero ser uma das mais engraçadas que já vi no cinema. Nunca imaginei que, perante o pior cenário possível a que um homem pode estar sujeito, concretizando, pendurado numa cruz no meio do deserto e sujeito a um Sol abrasador, que as personagens começassem a cantar a (agora) mítica música "Always Look on the Bright Side of Life". Sempre que vejo esta cena, por mais soturno que esteja, não consigo deixar de sorrir e assobiar, nem que seja baixinho.


Some things in life are bad
They can really make you mad
Other things just make you swear and curse.
When you're chewing on life's gristle
Don't grumble, give a whistle
And this'll help things turn out for the best...

And...always look on the bright side of life...
Always look on the light side of life...

If life seems jolly rotten
There's something you've forgotten
And that's to laugh and smile and dance and sing.
When you're feeling in the dumps
Don't be silly chumps
Just purse your lips and whistle - that's the thing.

And...always look on the bright side of life...
Always look on the light side of life...

For life is quite absurd
And death's the final word
You must always face the curtain with a bow.
Forget about your sin - give the audience a grin
Enjoy it - it's your last chance anyhow.

So always look on the bright side of death
Just before you draw your terminal breath

Life's a piece of shit
When you look at it
Life's a laugh and death's a joke, it's true.
You'll see it's all a show
Keep 'em laughing as you go
Just remember that the last laugh is on you.

And always look on the bright side of life...
Always look on the right side of life...
(Come on guys, cheer up!)
Always look on the bright side of life...
Always look on the bright side of life...
(Worse things happen at sea, you know.)
Always look on the bright side of life...
(I mean - what have you got to lose?)
(You know, you come from nothing - you're going back to nothing.
What have you lost? Nothing!)
Always look on the right side of life...

segunda-feira, 9 de abril de 2007

17. O último encontro entre Noodles e Max em Once Upon a Time in America



Max (James Woods) e Noodles (Robert De Niro) no culminar duma amizade "larger than life"

Era Uma Vez na América (Once Upon a Time in America - 1984) é um filme épico e incontornável da história do cinema. É difícil destacar uma cena desta obra-prima (a última) de Sergio Leone mas vou fazê-lo na mesma.

O filme não é mais do que uma história de amizade que se estende por 50 anos. Acho o último encontro entre Max (James Woods) e Noodles (Robert De Niro) tocante. É o culminar de uma amizade inesquecível que criou laços profundos e que chegou a um ponto sem retorno e isso está expresso no olhar triste e resignado de ambos. Se a vida - e as suas circunstâncias - são capazes de terminar esta amizade então nada é eterno. Ao revelar a sua traição a Noodles, Max espera que seja o seu amigo que o liberte do impasse a que a sua vida chegou e pede que seja ele, e não outro qualquer, a pegar na arma e a acabar com tudo. Mas Noodles recusa a oportunidade de vingar-se do homem que lhe roubou toda a sua vida e não se nota ressentimento, só tristeza. A maneira formal como Noodles trata o seu "irmão", como "Mr. Bailey", marca o fim de uma amizade que a memória não deixa desaparecer mas que as circunstâncias da vida trataram de terminar de forma abrupta e definitiva...

O filme não termina sem mais duas cenas - a do camião de lixo e a da casa de ópio (com um dos mais famosos "close-ups" do cinema) - e quem viu o filme recorda-se com certeza de ambas as cenas. Mas essas cenas dariam uma interminável discussão especulativa e, por isso, e já não é pouco, fico-me pela cena que escolhi.

16. A morte de Elias em Platoon


A morte de Elias (Willem Defoe) às mãos dos vietcongs, enquanto o resto do pelotão assiste à cena do alto dos helicópteros. Ou, se quisermos reflectir um pouco, pode também tratar-se de uma alegoria de Oliver Stone sobre a forma como a ilusão da vitória foi também ela morrendo nos corações dos soldados americanos que iam conseguindo sobreviver ao inferno que foi o Vietnam. Ou, nas palavras de Chris Taylor (Charlie Sheen),

"I think now, looking back, we did not fight the enemy; we fought ourselves. The enemy was in us. The war is over for me now, but it will always be there, the rest of my days. As I'm sure Elias will be, fighting with Barnes for what Rhah called "possession of my soul." There are times since, I've felt like a child, born of those two fathers. But be that as it may, those of us who did make it have an obligation to build again. To teach to others what we know, and to try with what's left of our lives to find a goodness and a meaning to this life."

[Sugestão e texto do Nuno - Espaço Cinzento]


Desafio todos os leitores deste blogue a contribuírem para esta rubrica (Cenas Memoráveis da Sétima Arte). Pode ser uma cena ou um pormenor, seja técnico ou de representação, do vosso filme favorito ou de um outro qualquer filme que, por alguma razão, emocional ou técnica, vos marcou. Basta uma pequena descrição da cena ou um pequeno apontamento que justifique a escolha, o nome do filme e, eventualmente, o vosso apelido e blogue. O mail é, como sempre, filhodo25deabril [at] gmail.com.

15. Run Forrest! Run!

Run Forrest! Run!

"Run Forrest! Run!" - O que leva uma cena a tornar-se incontornável só as forças místicas do planeta sabem. Esta cena, e principalmente as palavras de Jenny (Robin Wright Penn) ficaram para a história do cinema (e não só!), num filme (Forrest Gump, de Robert Zemeckis - 1994) em que a história da América é vista a partir do ponto de vista do ingénuo e inocente - como estou politicamente correcto - Forrest Gump (Tom Hanks).

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14. A cena de nudez de Kathy Bates em About Schmidt







Kathy Bates é uma excelente actriz (ver também esta cena) e só as verdadeiras actrizes são capazes de fazer certas cenas - em que o risco do ridículo é elevado - desta forma, ou seja, cenas em que só com uma classe fora do normal por parte de quem as protagoniza faz com que seja possível atingir um resultado final brilhante. Kathy Bates é uma mulher, para usar um eufemismo, que tem o tecido adiposo muito desenvolvido. E em About Schmidt (Alexander Payne - 2002) a sua personagem, Roberta Hertzel, uma mulher extremamente "sexual" e "desempoeirada", aconselha Warren Schmidt (Jack Nicholson) a utilizar o jacuzzi ao ar livre. Sem qualquer tipo de condicionamento social vemos Roberta, adornada com o seu roupão vermelho, a caminhar para o jacuzzi, com a maior tranquilidade do mundo, e, de repente, a despir-se, sem deixar nenhuma frase a meio, e, finalmente, a entrar no jacuzzi, sempre com a maior naturalidade do mundo, perante um Jack Nicholson estupefacto e sem reacção. A cena é extremamente engraçada, inesperada e natural e a sua excelência só está ao alcance de actrizes de eleição que não se importam de correr riscos.

Sem aguardar por uma resposta e já com um pé dentro do jacuzzi, Roberta apenas pergunta: "Mind if i join you?"! Não admira que até o mítico Jack Nicholson (no filme em que vemos Nicholson a não ser Nicholson) saia do libertino banho ao ar livre sem palavras e em passo acelerado.


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13. As regras do Clube de Combate


"The first rule of Fight Club is - you do not talk about Fight Club. The second rule of Fight Club is - you DO NOT talk about Fight Club. Third rule of Fight Club, someone yells Stop!, goes limp, taps out, the fight is over. Fourth rule, only two guys to a fight. Fifth rule, one fight at a time, fellas. Sixth rule, no shirt, no shoes. Seventh rule, fights will go on as long as they have to. And the eighth and final rule, if this is your first night at Fight Club, you have to fight."

Tyler Durden (Brad Pitt) no filme Clube de Combate (Fight Club - 1999), realizado por David Fincher

[Sugestão da Sónia - Garden of Delight]


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12. Meu nome é Zé Pequeno, porra!



"Meu nome é Zé Pequeno, porra!"

Zé Pequeno (Leandro Firmino) no filme Cidade de Deus (2002), realizado por Fernando Meirelles

[Sugestão da Sónia - Garden of Delight]


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11. How much did 21 grams weigh?



"How many lives do we live? How many times do we die? They say we all lose 21 grams... at the exact moment of our death. Everyone. And how much fits into 21 grams? How much is lost? When do we lose 21 grams? How much goes with them? How much is gained? How much is gained? Twenty-one grams. The weight of a stack of five nickels. The weight of a hummingbird. A chocolate bar. How much did 21 grams weigh?"

Paul Rivers (Sean Penn), no filme 21 Grams (2003), realizado por Alejandro González Iñárritu

[Sugestão da Sónia - Garden of Delight]


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10. A tensão sentimental emanada por Li Mu Bai e Yu Shu Lien em o Tigre e o Dragão




"A tensão sentimental emanada por Li Mu Bai (Chow Yun Fat) e Yu Shu Lien (Michelle Yeoh), na obra-prima de Ang Lee, "O Tigre e o Dragão", toca-nos o âmago da alma. Verdadeiramente sentimos o que na realidade significa o amor existente entre um homem e uma mulher, quando Li Mu Bai, na hora da morte, fita Yu Shu Lien nos olhos, e profere a frase mais pura e apaixonada da história da sétima arte:

"I would rather be a ghost drifting by your side as a condemned soul than enter heaven without you... because of your love, I will never be a lonely spirit"

O violoncelo mágico de Yo-Yo Ma faz o resto..."


[Sugestão e texto do Shinobi - My Asian Movies]



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9. A batalha inicial em Gangs of New York


(Clique na imagem para ampliar)


A batalha inicial que marca todo o enredo do filme Gangs of New York (Martin Scorsese - 2002) foi filmada de modo a proporcionar uma beleza visual imponente. Para a história do cinema fica o início da batalha quando os "Natives" atiram os seus chapéus para o ar e correm em direcção aos seus antagonistas, os "Dead Rabbits". O aparato visual, a qualidade técnica e a coreografia desta cena merecem este destaque.


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8. O aumento gradual da tensão em Frantic (Frenético)


Num dos meus filmes favoritos de Roman Polanski, Frantic - Frenético (1988), há uma sequência de cenas no início do filme que não são frenéticas mas que representam bem como é possível acrescentar, aos poucos, tensão num filme. O médico Richard Walker (Harrison Ford) e a sua esposa Sondra (Betty Buckley) chegam a Paris para uma conferência médica e dá-se uma sucessão de cenas perfeitamente banais, quotidianas entenda-se, que em nada fazem prever o que acontece de seguida. Enquanto o doutor Walker toma banho a sua mulher diz algumas frases imperceptíveis. Depois de sair do banho, e enquanto barbeia-se, faz uma pergunta e não obtém resposta. Entra no quarto e a sua mulher não está presente. Espera e espera e alguém toca à porta. É o pequeno almoço que foi pedido por Sondra. A carteira dela ainda está no quarto. Adormece. Quando acorda a sua mulher ainda não está lá. Rapto? Traição? Procura na entrada do hotel e na rua. Não há um único indício, uma pista, uma possibilidade. Pouco a pouco nota-se na sua face um crescendo de preocupação e um aumento gradual de tensão. Richard Walker chega à recepção do hotel e diz "I am looking for my wife".

Nota: A banda sonora de Ennio Morricone é essencial para dar às cenas uma intensidade ímpar.

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7. A paixão duma "fã número um" levada ao extremo em Misery



Esta cena que está integrada no filme Misery (1990), de Rob Reiner, provoca, mesmo àqueles que têm um estômago forte, desconforto. Para contextualizar esta cena para quem nunca teve a oportunidade de ver o filme ou que precisam de estimular a memória, convém referir que Paul Sheldon (James Caan), após um violento acidente de automóvel durante uma forte tempestade de neve, é salvo pela sua fã número um, Annie Wilkes (a excelente Kathy Bates). Paul, gravemente ferido, fica imobilizado numa cama na casa de Annie e, pouco a pouco, apercebe-se que a sua maior fã o mantém refém na sua casa. É impressionante a qualidade da interpretação de Kathy Bates já que tanto está serena e meiga como explode e fica violenta. Annie, desconsolada ao ler o último livro de Sheldon sobre a sua personagem favorita, Misery, obriga-o a rescrever o livro e mantém-no isolado no quarto. Este, porém, enquanto Annie está ausente, consegue, mesmo limitado fisicamente, escapar do seu quarto e ficar na posse de uma faca de cozinha que pretende usar para poder escapar. Annie chega a casa...

Annie está prestes a entrar no quarto onde Sheldon, imóvel e acamado, aguarda pela sua chegada. Ela não entra, ouvem-se os passos cada vez mais distantes. Sheldon guarda a faca numa abertura do colchão e... adormece. De repente acorda com o barulho que Annie faz ao entrar intempestivamente no quarto e, antes que possa reagir, esta dá-lhe uma injecção que o faz entrar num sono profundo. Ouve o seu nome, já é manhã, a voz pertence a Annie que, de forma pausada e tranquila, o retira do seu sono. Está amarrado, foi apanhado. Annie mantém a sua voz terna enquanto explica como descobriu a sua tentativa de fuga e, sempre calma, coloca um pedaço de madeira entre os seus pés. Paul suplica mas Annie está imperturbável e quanto esta sai do quarto e regressa com uma marreta o medo instala-se em Sheldon e está estampado na sua cara. Eis senão quando Annie sobe a marreta e parte o seu pé numa imagem duma violência gráfica impressionante. Nesta fase a imagem está centrada na face do escritor que solta gritos de desespero e, de repente, só se ouve o som do seu outro pé a ter o mesmo destino do primeiro. O escritor, tão cedo, não pode escapar à sua fã número um. E Annie, sempre calma e serena, virada para um Paul em agonia, só diz “God, I love you”...

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6. O vídeo da "dança" do saco de plástico em American Beauty (Beleza Americana)




"It was one of those days where it's a minute away from snowing and there was this electricity in the air. You can almost hear it. Right? And this bag was just dancing with me, like a little kid begging me to play with it, for 15 minutes. That´s the day i realized that there was this entire life behind things and this incredibly benevolent force that wanted me to know that there was no reason to be afraid... ever. Video's a poor excuse, i know, but it helps me remember, i need to remember, sometimes there's so much... beauty in the world. I feel like i can't take it and my heart is just going to cave in."

Ricky Fitts (Wes Bentley) em American Beauty (Beleza Americana), de Sam Mendes com argumento de Alan Ball


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5. A cena final de Lost in Translation



"Porque o mundo nos parece por vezes tão estranho ou porque, noutras alturas, nós próprios parecemos demasiado estranhos para o resto do mundo que nos rodeia. Porque as linhas que nos unem nem sempre são rectilíneas. Porque as imagens que são projectadas no grande ecrãn parecem ter sido "roubadas" da nossa própria vida. Porque quando os acordes dos Jesus And Mary Chain começaram a ecoar na sala de cinema, tudo se encaixou e tudo fez sentido."

[Sugestão do Nuno - Espaço Cinzento]


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domingo, 8 de abril de 2007

4. A cena do aeroporto em Dog Day Afternoon


Para quem não se lembra ou nunca viu Dog Day Afternoon (1975) este filme descreve, numa interpretação algo livre, um acontecimento verídico que envolveu um assalto a um banco. A cena do aeroporto - ainda dentro do automóvel - é dum primor técnico inesquecível já que todos os pormenores são filmados para que se entenda tudo o que está a acontecer sem quebrar o ritmo da acção ou a continuidade da cena. O filme envolve-nos obsessivamente no universo do assaltante (Al Pacino) e das suas vítimas, que se arrasta durante 99% da película a um ritmo pausado, e, numa fracção de segundo, num ápice, de forma brusca, somos arrastados para fora desse universo e tudo acaba sem darmos conta que o princípio do fim já tinha começado.

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3. Capote apaixonado por Capote


"And sometimes when i think how good my book can be, I can hardly breathe", Truman Capote (Philip Seymour Hoffman), no filme Capote (2005).

2. O fim da utopia em Syriana


A cena em que o agente da CIA Bob Barnes (George Clooney) e o Príncipe Nasir Al-Subaai (Alexander Siddig), em Syriana, trocam o último olhar, sem tempo para um diálogo, em que ambos compreendem que aquele momento é o fim duma utopia, ilustração perfeita de como um sonho desmorona com o simples acto de pressionar um botão. No seguimento desta cena Bryan Woodman (Matt Damon) caminha em direcção do deserto ilustrando a impotência do homem em seguir as suas utopias.

1. Conversa de café em Heat



Foi em 1995 que Robert De Niro e Al Pacino finalmente contracenaram, no filme Heat - Cidade sobre Pressão, de Michael Mann. Neste filme as personagens que interpretam são antagonistas - o tenente Vicent Hanna (Al Pacino) e Neil McCauley (Robert De Niro) -e conversam calmamente num café na margem de uma auto-estrada de Los Angeles. Após as personagens passarem metade do filme a estudarem-se mutuamente à distância num jogo do gato e do rato, o tenente Vicent Hanna convida o ardiloso Neil McCauley para um memorável café em que até os sonhos são motivo de conversa.

Como curiosidade ambos os actores já tinham sido protagonistas no mesmo filme (Godfather II - Padrinho II) mas as suas personagens não se cruzam no filme. Robert De Niro, no filme, encarna uma versão jovem de Don Vito Corleone, pai de Michael Corleone (Al Pacino). Como as suas personagens "viviam" em épocas diferentes o encontro entre os actores teve que esperar que Michael Mann tivesse a visão de os colocar frente a frente, numa cena de uma simplicidade exemplar, a beber um café e a falarem da vida. Uma cena que se tornou num clássico instantâneo da Sétima Arte.